sexta-feira, 22 de junho de 2007

Rescaldo pessoal

Embora a Lista a que pertenço tenha ganho na Secção Regional de Coimbra, estou obviamente bastante desiludido com os resultados das eleições.
De facto, continuo a achar que as propostas apresentadas por Filomena Cabeça e pela Lista A eram as melhores e as que mais defendiam os interesses da profissão. Embora durante a campanha a estratégia (infelizmente bem sucedida) dos nossos adversários eleitorais passasse por associar à nossa lista uma imagem de estagnação e pouca inovação, a verdade é que eu acho que era exactamente o contrário que se iria passar: a única verdadeira mudança que estava em causa era a proposta por Filomena Cabeça, que passava pela afirmação técnica e social dos Farmacêuticos enquanto classe fundamental para o Serviço Nacional de Saúde, da qual inevitavelmente seria possível tirar consequências políticas.
No entanto, a verdade é que perdemos. E por muito injusto que consideremos o resultado (sobretudo à luz de alguns tristes episódios que caracterizaram a campanha), temos que o aceitar e respeitar. Continuamos todos a ser Farmacêuticos e resta-nos esperar que quem vai passar a governar a Ordem o faça da melhor forma.
Pessoalmente, devo confessar que vivi dias extraordinários. Tive o privilégio de fazer parte de uma Lista constituída por pessoas com uma enorme capacidade intelectual, que não conhecia pessoalmente, mas apenas nas suas dimensões públicas e profissionais.
O Prof. Batel Marques foi uma das mais agradáveis confirmações desta campanha e com ele partilhei horas de trabalho que naturalmente espero serem o início de três anos de intensa e fértil actividade da Secção Regional de Coimbra. Penso que a forma como a Lista E conduziu a sua campanha é um exemplo para futuras eleições na OF: humildade na forma como se encarou a necessidade de contactar directamente com os Farmacêuticos, organizando sessões em todos os distritos abrangidos pela Secção; profissionalismo e grande organização da campanha; clareza na mensagem; mobilização ordenada dos recursos humanos da Lista; produção de ideias e programa eleitoral próprios, sempre em coordenação com a Candidatura à Direcção Nacional; elevação do perfil político e social da Ordem dos Farmacêuticos e da própria candidatura; total controlo da agenda política e mediática da candidatura. O resultado obtido pela Lista E foi uma consagração para a forma como foi possível construir esta candidatura e constitui uma enorme vitória pessoal do Prof. Batel Marques, sobretudo porque foi obtida no terreno da nova Bastonária. De facto, Batel Marques sai destas eleições com um peso político próprio, que excede a dimensão da própria Secção Regional de Coimbra e com o qual Irene Silveira terá que saber conviver. Da nossa parte (e aqui falo enquanto elemento da Lista E) haverá toda a disponibilidade para trabalhar em prol dos Farmacêuticos. No entanto, não nos esqueceremos de que fomos eleitos com um programa próprio, amplamente validado na urnas pelos Farmacêuticos da Secção Regional de Coimbra.
O que mais custa nesta noite eleitoral é o facto de Filomena Cabeça não ter sido eleita Bastonária. De facto, mais que a força própria das ideias apresentadas e a qualidade das propostas e da equipa que constituía a Lista A, era a candidata a Bastonária a principal razão para votar A. Não tenho dúvidas de que Filomena Cabeça teria sido uma excelente Bastonária. A forma como tem as ideias organizadas e conhece profundamente o SNS e a própria OF, o facto de ser alguém que sabe o que quer, que sabe de onde vem e para onde vai, a sua capacidade de liderança e a firmeza no debate são qualidades invulgares e que muita falta farão à Ordem dos Farmacêuticos, sobretudo nos tempos que se avizinham. Foi uma enorme honra ter feito parte desta candidatura (embora formalmente apenas pertencesse à Lista E, vesti com todo o gosto e empenho a camisola da Lista A) e agradeço publicamente a oportunidade que me foi dada.
Enfim, todas as eleições têm um risco e neste caso perdemos. Há mais marés do que marinheiros, lá diz o povo. E a vida é, seguramente, muito mais do que isto!
No entanto, que raio... tinha que ser logo um momento político como este o escolhido pelos Farmacêuticos para darem uma mensagem de descontentamento à OF...! Não sei porquê, mas imagino que algures na Avenida Miguel Bombarda há um sexagenário sentado no seu gabinete, com um sorriso rasgado e a brindar a este resultado... oxalá que me engane!

3 comentários:

Ordem para intervir disse...

Vladimiro Jorge Silva deu a esta campanha alma, lucidez e uma prova de fina inteligência: o seu imbatível humor.

É uma revelação da Classe Farmacêutica cujo fenómeno associativo dele muito espera.

Ao Vladimiro um grande abraço de agradecimento, reconhecimento e admiração.

Unknown disse...

O que deve ficar bem claro é que quem foi eleito bastonário foi a professora Irene Silveira.
O que deve ficar bem claro é que foi o programa dela que saiu vencedor.
O que deve ficar claro é que o professor Batel não deve ir para a Ordem julgando que é bastonario sombra/honorario e com isso obstruir o desenvolvimento do programa vencedor.
Penso que os estatutos estão errados e nenhum membro da "oposiçao" deveria fazer parte do governo da Ordem.
Se fosse eu o professor Batel demitia-me e não tomava posse porque não pode ir defender no governo da ordem um programa que não é o seu.
Quanto a ser eleito em coimbra, nada me diz. E se vai construir a capelinha de coimbra é um contributo negativo e devisionista para toda uma classe.
O professor Batel se quer ser bastonario, que se candidate.
Obrigado

Vladimiro Jorge Silva disse...

Agradeço as simpáticas e exageradas palavras do Ordem para Intervir.
Em relação à "Irene" (que inseriu o comentário acima): por muito respeitável que seja a sua opinião sobre os estatutos da OF, a verdade é que eles existem e quem foi eleito tem o dever de os respeitar. O Prof. Batel foi eleito com um programa próprio e tem toda a legitimidade (e até a obrigação!) de o pôr em prática.
Seguramente que o Prof. Batel não se deixará intimidar por comentários como este. Aliás, é por existir quem escreva coisas destas que serão tão importantes os papéis dos Profs. Batel e Franklim. Boa sorte a ambos, pois os Farmacêuticos vão precisar deles!