Nos últimos dias alguns comentadores têm insistentemente colocado comentários sobre a opinião da nossa candidatura relativamente à questão da propriedade da farmácia, como se isso fosse um assunto tabu ou algo que não foi discutido até à exaustão nos últimos dias e na abundante documentação enviada aos Farmacêuticos.
Assim, embora o tema também já tenha sido referido neste blogue, para que não fiquem dúvidas, cá fica o devido esclarecimento:
Nós somos obviamente contra a liberalização da propriedade da Farmácia. Nós somos contra a liberalização da instalação de farmácias. Aliás, de um modo geral, nós somos contra todas as ideias que entreguem as farmácias portuguesas às grandes redes internacionais. Somos contra todos os fenómenos de integração vertical e horizontal no sector. Porque, meus caros, não sejamos ingénuos: num cenário de liberalização não é o Farmacêutico anónimo que vai poder ter a sua farmaciazinha (alguém estaria disposto a abrir uma mercearia em frente a um hipermercado?). Na Noruega, poucos anos após a liberalização, 97% das farmácias já pertenciam a grandes redes multinacionais. No Reino Unido há menos farmácias por habitante que em Portugal. Em todos os países em que há liberalização há fenómenos de inequidade na distribuição territorial das farmácias (concentração nos grandes centros urbanos) e assimetrias na disponibilidade de medicamentos.
Esta é uma discussão que pode fazer todo o sentido para Correia de Campos, Belmiro de Azevedo, António Saleiro e outros que tais, mas que num cenário de campanha eleitoral para a Ordem dos Farmacêuticos é completamente redundante. Nenhuma direcção responsável poderá defender outra solução se quiser defender os Farmacêuticos independentes e os próprios doentes.
Chega?
domingo, 17 de junho de 2007
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6 comentários:
Ha um grande problema:
E QUE NAO ADIANTA SER CONTRA A LIBERALIZAÇÃO DA PROPRIEDADE PORQUE ELA ESTÁ AI.
NÃO ADIANTA SER CONTRA A VENDA DE MEDICAMENTOS NAS PARAFARMÁCIAS PORQUE JÁ É UMA REALIADADE.
AGORA DEFENDER LIMITAÇÕES NA INSTALAÇÃO DE FARMACIAS É QUE É INCOMPREENSIVEL POR PARTE DA ORDEM DOS FARMACEUTICOS.
Como e que a Livre Abertura de Farmacias Prejudica os Farmacêuticos? Prejudica apenas os que ja estão instalados, os quais nem farmaceuticos são.
QUAL E A OPINIAO DA CANDIDATA SOBRE O PREÇO DE UM ALVARA DE FARMACIA CHEGAR AOS 5,6 E 7 MILHOES DE EUROS?
Normal?
Não há espaço para mais farmácias?
Pela livre concorrencia. Contra os LOBBIES e contra a INJUSTIÇA
Movimento Farmacia Livre
Caro Farmácia Livre:
Por muito respeitável que seja a sua vontade de ser empregado do Dr. Belmiro, é impensável acreditar que a OF possa defender essa posição.
As posições extremas levam a isto!!!
Sim, TODOS somos contra a liberalização da propriedade e sim, este sector protegeu durante muito tempo os proprietários de farmácia, pelo que se abrissem as 20 farmácias em Cascais, as 14 em VN Gaia e etc, hoje o negócio não era tão apetecivel e estariamos todos melhor...
São contra a liberalização da propriedade e da abertura de farmácias. Ok.
Mas são a favor da abertura de algumas? Muitas, poucas, nenhumas? Por capitação, facturação? Sem concurso, com concurso? Com que critérios de seriação?
Porque toda a gente tem medo de abordar esta questão?
Gostariamos de saber a opinião de ambas as candidatas sobre este tema fulcral.
Esta é claramente uma falsa questão, que ninguém tem medo de abordar. Aliás, dificilmente poderemos ser mais explícitos: somos contra!
De um lado está o apetite voraz das multinacionais e empresas de distribuição. Do outro estão os farmacêuticos independentes. Pelo meio há alguns ingénuos que acham que se se liberalizasse o mercado poderiam instalar a sua própria farmácia: não é verdade e todas as experiências internacionais o demonstram. Dos menos de 3% de farmácias norueguesas que resistiram às multinacionais, quantas foram instaladas por farmacêuticos independentes no período pós-liberalização? Muito poucas. E em locais muito pouco apetecíveis.
Estes comentadores estão a defender uma utopia que o mercado já demonstrou amplamente que não é possível. Aliás, se estivessem atentos às movimentações que já estão em curso perceberiam que as redes de farmácias estão a chegar a Portugal. Se houvesse liberalização da instalação esse fenómeno seria acelerado.
Em relação à opinião da OF sobre critérios de instalação, não me parece que este seja um assunto a ser debatido num cenário pré-eleitoral e no momento político que vivemos: o governo prepara-se para publicar legislação que ainda não é conhecida nem foi discutida. Qualquer candidato que se chegasse à frente com propostas cairia no ridículo, pois este tipo de negociações não se fazem nem na praça pública, nem com candidatos, mas sim nos bastidores e com titulares de cargos, com representatividade e legitimidade política.
À OF caberá garantir a qualidade no exercício da profissão farmacêutica, que todos sabemos estar em causa com a liberalização: como exemplos de distorção do mercado, temos os casos das farmácias norueguesas recebem em média 3 entregas de medicamentos por semana (sim, por semana!!!) e em Inglaterra só a Boots é que pode vender medicamentos da Pfizer.
Como disse há pouco, a vossa posição, embora respeitável, é absolutamente insustentável, a não ser na perspectiva das multinacionais...
Já percebemos que são contra liberalizações. Ok. Ok.
Mas o colega não fuja à questão. Repito-a: qual a vossa posição sobre a abertura de farmácias?
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